Importância do Bioma

Isabel Schmidt @ UnB
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Qual a importância do Bioma Cerrado para a biodiversidade e o clima mundial?

O Cerrado Brasileiro é considerado a formação savânica mais biodiversa do mundo, contendo aproximadamente 5% da biodiversidade global. Com seus mais de 2 milhões de km², ocupa cerca de um quarto do território Brasileiro. O Bioma abriga ainda nascentes das principais bacias hidrográficas do Brasil e da América do Sul, um significativo potencial hídrico que favorece sua biodiversidade.

O Cerrado tem grande importância para o clima mundial como sumidouro de carbono, com um reservatório estimado em 265 toneladas de carbono por hectare. Entretanto, o avanço da fronteira agropecuária reduziu a vegetação nativa do Cerrado a apenas metade de sua área original. Em 2012, cerca de 62% das emissões do setor de mudanças no uso da terra e florestas, que inclui desmatamento e incêndios, ocorreram no Bioma.

Papel do Fogo no Cerrado

Acervo PEJ
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O fogo é necessariamente um aspecto negativo para o Cerrado?

Para o Cerrado, o fogo tem importância ecológica e social. O fogo faz parte dos ciclos naturais dos ecossistemas savânicos, constituindo um fator de perturbação ambiental que favorece o incremento de sua diversidade biológica.

Utilizado como ferramenta na agricultura, o fogo faz parte das práticas agrossilvipastoris da população do Cerrado há milênios. O problema é que, quando o fogo sai de controle e se torna um incêndio florestal, ele impacta negativamente a biodiversidade, o clima, a saúde pública e a economia.

Embora se reconheça que as queimadas são um dos elementos importantes para a manutenção da biodiversidade do Cerrado, o aumento na frequência, tamanho e intensidade dos incêndios compromete a integridade do Bioma.

Contexto do Bioma

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Qual é o contexto atual do Cerrado?

O Cerrado ainda não dispõe de um sistema de monitoramento contínuo de desmatamento anual como a Amazônia. Contudo, estimativas realizadas por diferentes instituições apontam que a perda de vegetação do Bioma já atinge quase a metade de sua cobertura original. Áreas com menores índices de desmatamento são, na maioria dos casos, constituídas por unidades de conservação e terras indígenas, que cobrem cerca de 12% da área total do Cerrado.

Em relação ao fogo no Bioma, são comuns as situações de incêndios causados por queimadas irregulares na agricultura e agropecuária, muitas vezes escapando e destruindo grandes áreas das unidades de conservação, que são especialmente relevantes para o clima e ricas em biodiversidade. Em 2010, metade das áreas das UC no Cerrado foi atingida por incêndios. Entre as consequências estão, além do impacto sobre os meios de vida das comunidades, a produção de gases de efeito estufa, a redução dos estoques de carbono no solo e na vegetação e a perda da biodiversidade.

Jalapão e Unidades de Conservação

Acervo PEJ
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Qual a relevância da Região do Jalapão e das Unidades de Conservação contempladas pelo Projeto?

Localizada na divisa entre os estados do Tocantins, Piauí, Maranhão e Bahia, e seriamente ameaçada por queimadas e incêndios florestais, a Região do Jalapão possui a maior área remanescente do Bioma Cerrado protegida em UC, na qual se encontram importantes afluentes dos rios Tocantins e Paranaíba, e patrimônio ecológico e biológico de grande relevância. Em função da presença de ecossistemas diversificados, a região abriga espécies endêmicas, raras e ameaçadas de extinção, como a arara azul, o lobo-guará, a onça-pintada, o tamanduá-bandeira e o pato-mergulhão.

Na Região do Jalapão estão localizadas as duas maiores unidades de conservação do Cerrado: a Estação Ecológica Serra Geral do Tocantins e o Parque Nacional Nascentes do Parnaíba, cada uma com mais de 700 mil hectares de extensão. Juntamente com o Parque Estadual do Jalapão e outras unidades de conservação, elas formam o Corredor Ecológico da Região do Jalapão, que abrange dez municípios nos estados do Tocantins e Piauí, estendendo-se por aproximadamente 44 mil km². A densidade populacional da região é baixa e ainda é caracterizada pela pecuária extensiva e por formas de uso das populações tradicionais, no entanto, a cada dia avançam na região as áreas de pecuária intensiva e de monocultura, principalmente a da soja.

No Sudeste do Tocantins, se situa o Parque Nacional do Araguaia, que abrange uma área de 555.517 ha. A região se caracteriza como área de transição entre os Biomas Cerrado e Amazônia, mas sua vegetação é predominantemente savânica. O Parque abriga biodiversidade de grande relevância para a conservação. Nas proximidades do Parque – e igualmente situado na Ilha do Bananal – encontram-se a Terra Indígena Parque do Araguaia e os municípios Formoso do Araguaia, Lagoa da Confusão, Dueré e Pium. Assim como o Jalapão e as unidades de conservação Chapada das Mesas (159.951 ha; Maranhão) e Sempre-Vivas (124.154 ha; Minas Gerais), essa região é seriamente ameaçada por queimadas e incêndios florestais.